segunda-feira, 23 de abril de 2012

O DESAFIO DO PROFESSOR DA PRIMEIRA INFANCIA –
EDUCAR E CUIDAR

Postado por: Andreia Caetano de Freitas Brasil
Data: 10 de abril de 2012
De acordo com as Referências Curriculares da Educação Infantil – vol.1,
Educar significa,  propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural.
No entanto, quando se propõe a trabalhar com crianças bem pequenas, precisamos entender suas necessidades e interesses e isto significa saber quem são conhecer um pouco de suas histórias e da sua família. Neste sentido, me percebo em constante estado de observação e vigilância, me policiando para que minhas ações de rotina não se tornem mecanizadas.
Há pouco tempo à escola era tida como espaço de educação e as rotinas eram planejadas a partir deste princípio. Hoje assumimos novas realidades com uma concepção voltada para cuidá-lo e o educar.
O cuidar estar ligado à garantia das necessidades físicas tais como alimentação, sono e higiene. Essa simples rotina diária deve ser realizada de forma que ajude no desenvolvimento do aluno auxiliando na construção de sua autonomia. Ao trocar ou alimentar uma criança você está também educando e estimulando hábitos e atitudes. Além disso, não podemos deixar de falar da ação conjunta dos outros educadores e membros da equipe escolar que trabalham de forma integrada para que isso aconteça como cozinheira, faxineira, auxiliares de sala e coordenação.
Para garantir um ótimo resultado com os alunos o professor da educação infantil, especialmente de crianças de 0 a 3 anos, não pode esquecer que Educar e Cuidar são duas ações que devem ser caminhadas juntas, com interferências, recuos e novas tentativas de acerto. Nessa fase o professor vai encontrar em seus caminhos diversos desafios que vão além do ensinar e cuidar. Cabe a ele ter um olhar especial com cada aluno, pois só assim conseguirá atender às necessidades e alcançar seu objetivo.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Brincar II: brincar e seriedade

Cipriano Carlos Luckesi


Em texto anterior, dediquei-me a discutir brincar como uma atividade que praticada pela criança, pelo adolescente e pelo adulto, expressa a capacidade criativa do ser humano, que se realiza como “um caminho que tem coração”, o que conduz a compreensão de que expressões tais como “isto não é brincadeira”, ”acabou a brincadeira, agora vamos trabalhar” não fazem sentido, devido desqualificarem a atividade de brincar, como se ela fosse absolutamente leviana e superficial, e, pois, não sendo um ato significativo para a realização existencial e vital do ser humano.

Desejo, aqui, aprofundar um pouco mais a questão do conceito de seriedade. Sempre que nós utilizamos o termo sério em nosso cotidiano, ele vem carregado de conotações tais como “sisudo”, “cansativo”, “doloroso”, “alguma coisa que deve ser realizada com esforço e sofrimento”, ou coisa parecida. Neste contexto, qualquer experiência que traga alegria, prazer, riso, será considerada não-séria. Então sério aparece como sendo o oposto de alegre, prazeroso, leve, hilariante, criativo (a menos que seja uma criatividade sisuda, se ela for possível). Sério parece que deve ser rançoso.

Penso que, mais adequadamente, poderíamos configurar o sério como aquilo que é profundo, aquilo que é cuidadoso. Então, o sério será o oposto de leviano, de superficial, porém não o oposto de leve e de prazeroso. Leviano e leve são coisas bem diferentes. Então o título deste texto seria “brincar e profundidade”.

Se assim for, brincar será uma atividade tão profunda quanto qualquer outra atividade do ser humano, que seja cuidadosa, criativa e produtiva. Essa compreensão nos levaria a não mais utilizar expressões desqualificadoras do brincar, como as que relembramos acima. E, neste caso, ato de brincar será sério porque profundo.

Quando a criança brinca, sua brincadeira tem a profundidade de quem se dedica a construir e cuidar do mundo, o mundo que é significativo para si, na idade e nas circunstâncias metafísico-evolutivas que está atravessando. O mesmo poder-se-á dizer do adolescente e do adulto. A criança estará brincando como criança, o adolescente como adolescente, e o adulto como adulto; cada qual em sua faixa de idade e com sua circunstância evolutivo-metafísica. Cada um realizando a sua poiesis.

Assim sendo, o ato de brincar será um ato profundo de cuidar da existência, de forma criativa, alegre e até mesmo hilariante, com as especificidades de cada idade e de cada circunstância de vida. Profundidade, aqui, traz leveza, que é diferente de leviandade. Leveza tem a ver com o contato significativo conosco mesmos, com o nosso ser, com o âmago do nosso destino. O que é profundo é leve, e, pois, diverso do pesaroso.

O brincar da criança será diverso do brincar do adolescente e o deste será diverso do modo de brincar do adulto, pois cada idade tem suas características psicossociais próprias, assim como possibilidades diferenciadas de agir, o que implica no criar, no vivenciar e no experimentar os resultados de sua poiesis pessoal e coletiva, que é própria para cada uma dessas faixas de idade cronológica, psicológica e evolutiva. Aquele que pode o mais, pode o menos; e o que pode o menos, não pode o mais. Uma criança não pode produzir a poiesis de um adolescente e este não pode produzir a poisis de um adulto; mas, o inverso é possível.

Certa vez, eu participava de uma vivência, onde uma mulher de trinta anos lamentava não mais poder brincar de boneca. De fato, o que ela dizia era não mais ter tempo e disponibilidade para tanto; contudo, nada a impedia de brincar de boneca, caso efetivamente o desejasse. A coordenadora da experiência disse-lhe: “Observe que, com oito anos de idade, você também não podia brincar de fazer sexo com um homem; agora, você pode. As possibilidades do ato de brincar variam conforme são as idades e os processos de desenvolvimento”. Acredito que essa coordenadora trouxe a “dica” adequada: em cada momento de nossa existência existe um modo de brincar que por si, é profundo e, por isso mesmo, leve.

Neste sentido, quem vive bem, cuida de si, de sua existência e de suas relações com os outros, brinca o tempo todo, devido o tempo todo está atento a sua poiesis. Deste modo, não haverá o momento de “acabar a brincadeira para iniciar o trabalho”. Haverá sim o brincar na e com a vida, que nada mais é do que o viver criativo na infância, na adolescência e na vida adulta.

Fernando Pessoa, no Guardador de Rebanhos, nos expressa isso:

Ao anoitecer brincamos as cinco pedrinhas
No degrau da porta de casa
Graves como convém a um deus e a um poeta,
E como se cada pedra
Fosse todo um universo
E fosse por isso um grande perigo para ela
Deixá-la cair no chão.




[1] Este texto foi publicado originalmente em  www.faced.ufba.br / RD Disciplinas / Gepel – Educação e Ludicidade.

domingo, 8 de abril de 2012




Essa atividade foi feita no Centro de Educação Infantil A Pequena Sereia - Balneário Rincão
Professora Karina